terça-feira, 31 de maio de 2016

APAIXONAR-SE



Impossível não se APAIXONAR
Enquanto se está VIVO, se apaixona-se
Se apaixona-se porque ainda se é vivo.
Paixão não tem a ver com fidelidade, com compromissos
A paixão é LIVRE, livre de amarras, de cobranças, de controle.
Apaixona-se e ponto.
Se apaixonar é ser livre, 
livre para SONHAR, 
pra  "platonear", pra ser ou não ser, "n'importe quoi".
O espaço da paixão é o espaço da LIBERTAÇÃO, 
"Que dá dentro da gente e que não devia"
Do deixar-se levar, sem saber onde vai DAR.
É o CORAÇÃO desobediente, que não mede consequências.
É o viver INTENSAMENTE!

terça-feira, 10 de maio de 2016

O MEDO DE TER MEDO: Lidando com o transtorno de ansiedade

"Eu me lembro do meu primeiro ataque de pânico muito bem.  Eu estava passando por uma separação difícil e tinha acabado de chegar a Congonhas.  Eu estava andando sozinha e de repente as luzes ficaram mais claras e parecia que havia muito mais gente em minha volta. Eu me senti pequena e vulnerável, como se algumas dessas pessoas pudessem me fazer mal se quisessem. Meu joelho sobrou e eu entrei em colapso, tentando me segurar na parede do corredor.  Achei que fosse morrer.  Isso apareceu do nada e nunca passei por nada parecido na minha vida antes..." (Angélica)*

Ele estava sentado em sua cadeira de dentista cuidando de um paciente quando de repente uma palpitação intensa, falta de ar e dormência o dominaram. Com todas as suas forças, para não apavorar o cliente, despediu-se dele e ligou imediatamente para o seu colega cardiologista.  Este o aconselhou atravessar a rua e ir até o seu consultório.  O dentista não conseguiu, simplesmente suas pernas perderam o comando no meio da rua.  Socorrido pelo colega foi diagnosticado com crise de pânico (relato do meu cardiologista sobre seu colega)


Eu estava sentada lanchando, vendo televisão num dia normal como outros.  De repente parece que a sala se fechou sobre mim, meu coração acelerou de tal forma que parecia querer sair pela boca, formigamentos pelas mãos e braços me sinalizaram que alguma coisa muito estranha estava acontecendo. Coração,infarto? Um medo apavorante tomou conta de mim. Medo de morrer sozinha, medo de alguma coisa que não sabia exatamente do que. Deixei o lanche de lado, e respirando fundo e repetindo para mim mesma, como um mantra, que estava tudo bem, peguei o celular que estava ao eu lado (não me levantei do lugar), liguei pro meu marido e pedi que ficasse comigo no telefone e se acontecesse alguma coisa viesse correndo. Eu não conseguia explicar o que estava acontecendo.  Consegui me levantar e fui para fora do apartamento, interfonei para uma vizinha (que veio me ajudar) e liguei para uma amiga que morava perto. Embora, eu já estivesse um pouco mais calma, o coração não desacelerava.  Resolvi ir à uma Emergência, mesmo tarde da noite.  Graças a Deus fui muito bem atendida e o médico disse que eu estava tendo uma crise de pânico. Que todos aqueles sintomas tratavam-se de transtorno de ansiedade, no qual crises de desespero e medo intenso, de que algo ruim aconteça te dominam. Fui medicada com algumas gotas de rivotril e voltei pra casa com a sensação de que um trator tinha passado por cima de mim.

É assim que começa. Do nada, e você passa a ter medo de sentir medo. Pode acontecer com qualquer um. Nunca, nem nos meus piores pesadelos eu me imaginei nessa situação.  Logo eu? Uma pessoa tão otimista, tão firme na fé e no poder de Deus. Por que?

Até conseguir o atendimento com um especialista (escolhi um neurologista que eu já conhecia)foram os piores dias da minha vida. Medo, o medo me dominava. E quanto mais medo você sente mais difícil é controlar a crise.  Um sentimento de impotência horrível, sensação de que nunca mais você vai ficar em paz novamente. 

Não tive medo da rua (embora nos primeiros dias, me angustiava sair de casa. Mas, me assustava ouvir o vizinho abrir a porta, entrava em pânico, criava na minha cabeça toda sorte de acontecimento ruim que podia acontecer comigo.  Não consegui dormir sozinha, mas o fato de ter alguma companhia não diminua meu pânico. O medo vinha de qualquer maneira. Apenas ficava segura pois caso eu não conseguisse dominá-lo, eu teria alguém para me ajudar.  Um dia fiquei em casa sozinha, tentando fazer meus trabalhos manuais, mas não conseguia me concentrar.  Qualquer barulho me apavorava, me desesperava.  Eu parei tudo, gritei comigo mesmo que eu não era louca, que eu precisava dominar meus sentimentos, que nada de mal estava me acontecendo.  Consegui me controlar e passei bem o dia. Mas no final do dia, estava esgotada, parecia que havia lutado numa batalha, por causa da descarga de adrenalina.

Estou me medicando há quatro meses, segundo o médico é preciso cuidar desde o início.  E levar à sério o tratamento sem interromper.  Para deixar controlada a síndrome do pânico, são preciso pelo menos dois anos segundo os especialistas.

Controle. Saber que você não vai morrer de ataque cardíaco, porque o coração quer sair pela boca; 
Respirar fundo e soltar devagar, para ir desacelerando;
Evitar situações de estresse;
Encontrar e fazer coisas que te deixam em paz;
Sair e levar uma vida normal;
Aprender a conviver com isso, pois uma vez instalada, não tem cura. Mudança de hábitos, remédio e terapia são sugestões para um melhor controle das crises.

Resolvi compartilhar isso aqui, porque quando compartilhei com os meus amigos o que estava acontecendo comigo, muitos ficaram tão surpresos quanto eu, justamente pelo tipo de pessoa que sou, sempre tão alto astral. Mas, houve também muitos relatos de pessoas que estavam passando ou já haviam passado pelo mesmo problema, e como estava lidando com isso.

Conversar, compartilhar experiências sempre é uma boa opção para diminuir o drama do nosso cotidiano. Saber que não estamos sozinhos nos ajuda a vencer o problema.




- Imagem:O Grito -  Edvard Munch
*http://ansiedadepanico.com/2015/05/25/14-relatos-da-sindrome-do-panico-vivendo-com-a-ansiedade/