domingo, 2 de outubro de 2016

NOS ARQUIVOS DA MEMÓRIA


Fui instruída a abrir a caixa de Pandora das minhas lembranças da infância e da adolescência.  De repente me dei conta de que eu havia me esquecido de grande parte do que eu fui ou era nesses períodos.  Não porque já faça um tempo que esse período aconteceu, afinal tem gente que lembra de coisas da infância como se fosse hoje. Mas, porque, por algum motivo ficou tudo lá, em algum lugar da memória que não queria ser acessado novamente.  No entanto, o nosso ser não é uma máquina, um computador, onde tudo pode ser armazenado ou jogado na lixeira do esquecimento. Somos feitos de presente e passado e, é esse passado, que inevitavelmente nos visitará no futuro, quer lembremos dele ou não.

Pois bem, por algum motivo (ainda estou no processo de descobrir) o período da minha infância ficou obscurecido (talvez esse período demore um pouco mais para ser redescoberto), e o da minha adolescência estava lá, meio nublada pelas muitas lembranças ruins e poucas boas.  Pelo menos, era como eu me sentia.

A adolescência por ser um período de transição, sempre é a mais complicada para ser vivida.  Você não é mais criança, mas também não é ainda um adulto, está no limbo, na iminência de ser salvo ou não por suas decisões para o futuro.  Acabou a fase das brincadeiras sem consequências, dos olhares furtivos para os coleguinhas, das brincadeiras da hora do recreio, dos meses intermináveis de férias (para quem é filho/a único/a sabe o quanto três meses de férias era tedioso). Ainda que não saibamos nem sequer o que somos, temos que decidir o que seremos. Somados a isso, quando a convivência com os colegas de escola não é das melhores, tudo fica mais difícil, e ainda somado a isso, em plena adolescência você têm um problema de saúde que te incapacita de viver muitas das emoções desse período (festas, viagens, paqueras, etc).  Portanto, por que relembrar de momentos tão ruins? Melhor deixar tudo lá, tudo guardadinho no arquivo nominado “esquecer”.

Mas, o futuro, seja o momento que for, nos cobra essas lembranças, em algum momento o compartilhamento do nosso cérebro dá problema e é preciso ir lá no arquivo das lembranças e abrir a pasta do “esquecer” e tentar resgatar o que ainda vale e jogar na lixeira o que realmente não vale mais guardar, para que o nosso “velho” e cansado cérebro volte a funcionar mais leve.
E eu fui lá, meio tensa e meio preguiçosa, meio com medo, meio saudosa, afinal já tem um bocado de tempo que essas coisas estão guardadas. E qual não foi minha surpresa, eu achei coisas boas, muito boas.  E parece que, já naquele tempo, eu sabia perfeitamente o que devia ser guardado. 

Nossa, e tinha muitas coisas boas guardadas, diários (quantas confissões que eu nem lembrava que tinha feito à um caderno), tinha tercinho, como recordação de primeira comunhão.  É, eu fiz primeira comunhão! Tinha álbuns de figurinhas.  Havia também muitos bilhetinhos confidentes de amigas que estavam enamoradas por algum coleguinha, bilhetes de felicitações por um bom futuro fora da escola. Cartas, muitas cartas, de pessoas muitas especiais e que a distancia física não nos afastou espiritualmente.  Estão todos lá, Gil, Flavia, Renata, Ana Cristina, Melissa, Paula Cristina, Adriano, Chamon, Luciane e tantos outros que nem no nosso plano terreno já não estão.

Percebi, então, que eu guardei pessoas, colegas que hoje são amigos, outros que ainda estão no meu convívio e guardo profundo carinho. Eu guardei lembranças, que se foram esquecidas pelo meu cérebro tão ocupado pelas preocupações do dia-a-dia, deixaram suas marcas escritas em folhas de papel, em fotos, em mensagens que o tempo começa a apagar, mas que eu tive tempo ainda de reler, de rever, de me transportar para um tempo distante, que teve momentos ruins, mas que também teve momentos muitos bons, e que eu só tinha esquecido. 

E está tudo lá, dentro de uma caixinha de madeira (e também na caixinha feita de neurônios, de artérias, de sangue, de pulsações, de emoções), guardadinhas, protegidas, mas também disponíveis para acessar sempre que necessário.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O FILHO DO PORTEIRO CAÇA POKÉMON

Eu saía do consultório de um edifício comercial, quando um garotinho colocara a cabeça de fora de uma porta, perguntando ao pai se ele já podia "caçar" pokémon.  Era umas sete horas da noite e o pai estava na portaria.  Eu sorri pelo jeito como ele perguntou, aquele jeitinho que pergunta, "posso agora pai, posso?".  Provavelmente apelando para o afrouxamento do controle do pai, e sorria porque aquele menininho também participava da nova mania nacional, que era o novo jogo. Por ser online, era necessário que aquele menino, filho do porteiro tivesse um smartphone com internet e com uma boa capacidade de desenvolvimento, o que gerava um investimento financeiro alto.  Sim, aquele menino era mais um dentre tantas crianças, que hoje, podiam compartilhar dos mesmos bens que há algum tempo atrás não era possível para famílias que tinham como profissão trabalhos, em portaria de prédios, domésticos, de faxinas e outros.  

Eu me lembrei de quando era criança e morava com minha mãe na casa em que ela era doméstica. Eu cresci com os netos de sua patroa e, portanto, os únicos brinquedos "maneiros" que eu brincava eram os deles. A tecnologia da internet ainda não era acessível para nós no Brasil, nem para os ricos, muito menos para os pobres.  Os brinquedos da moda eram aqueles eletrônicos e alguns de computadores ainda bem rudimentares, mas que para a época eram uns fenômenos.  Quem não lembra do Atari ou Master Syster? E os joguinhos Aquaplay e Genius?  Além das bonecas Bate-Palminha e Tchibum, que nadava?  Todos da empresa Estrela, e todos muito caros.  Eu não tinha nenhum dele, apenas brincava emprestado. A minha mãe não tinha salário suficiente para que pudesse me dar qualquer um daqueles brinquedos.

É claro, que ainda há muitas crianças sem acesso à brinquedos da moda ou da tecnologia dos pokémons do momento, mas o que as estatísticas têm mostrado é que isso vem mudando bastante nas últimas décadas com o aumento do poder aquisitivo das classes de rendas mais baixas. 

Na última pesquisa em que trabalhei, PeNSE 2015,  verificamos que quase 90% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas declararam possuir celular, e mais de 80% tinha acesso à internet de alguma maneira. Ou seja, a galera está conectada com a modernidade. 

E, embora haja muitas críticas quanto ao uso demasiado das redes e jogos eletrônicos, eu fico muito feliz em ver esse hiato entre as crianças com menos recursos econômicos e os mais favorecidas, bem menor que anos atrás.  E, dessa forma, podendo juntas, "caçar" pokémons.




Imagens:http://br.ign.com/pokemon-go/31518/news/pokemon-go-confira-o-visual-dos-151-monstrinhos
codigofonte.uol.com.br

domingo, 12 de junho de 2016

Consideremos justa toda forma de amor

Comercial, uma data comercial. O nosso dia dos namorados começou para ajudar uma loja em suas vendas no mês de junho, mês morto, por não ter nenhuma data comemorativa. Daí um empresário resolveu escolher o dia 12 de junho, um dia antes do dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro.  Com a frase "não é só com beijos que se prova o amor" a loja alavancou suas vendas e transformou a data em dia de trocar presentes entre os namorados a partir de 1948.

Mas a data teve dia mais glamouroso, e data do século III, quando o imperador Claudio II decidiu que, para que seus soldados fossem mais dedicados às batalhas, não se casassem. Porém, o padre Valentim decidiu se opor à decisão e casava clandestinamente os amantes desejosos de enlaces matrimoniais.  É claro que isso não agradou ao imperador, e o santo padre casamenteiro foi parar  na prisão.  Durante o tempo que ficou preso conheceu a filha do carcereiro por quem se apaixonou perdidamente.  Antes de ir para a forca deixou um bilhete de despedida para a amada onde se lia "Adeus, do seu Valentim", tornando-se o primeiro cartão do dia dos namorados.  Mais tarde, o dia do Santo tornou-se o dia dos namorados em diversos países, na data de 14 de fevereiro.

No entanto, o dia de São Valentim teve suas comemorações ligadas à condutas mais rebeldes no que diz respeito aos valores rígidos das relações amorosas impostas pela Igreja Católica na era medieval. Nas festividades do dia do Santo, as mulheres casadas reconquistavam as liberdades de quando eram solteiras, e paqueravam quem quisessem, podendo cometer adultérios com o consentimento dos próprios maridos.  Era uma conduta para desafiar a tão sagrada fidelidade promovida pela igreja católica.

O mundo mudou muito dezoito séculos depois.  E as relações amorosas embora tenham mudado, ainda há pessoas que se apaixonam, têm casos amorosos, "ficam, namoram, casam e ...traem.  Muitos casais encontram a forma mais adequada para se relacionarem, forma mais liberais, mais abertas, mais leves.  Outras formas de amar vão tentando ganhar seu espaço, ainda que com tantas batalhas. E cada um vai tendo o seu direito de amar como quiser. Nenhuma lei, nenhum dogma deveriam estar acima de um amor verdadeiro. 

Hoje foi um dia triste para a humanidade. Enquanto no Brasil festejamos o dia dos namorados, cinquenta pessoas foram assassinadas nos EUA porque suas formas de amar não correspondiam aos padrões impostos pela sociedade. 

Bom seria que as pessoas pudessem se amar livres de amarras, livres de preconceitos, longe da violência.  Que bom seria que as pessoas pudessem sair por aí, de mãos dadas, se amando, sem medo, sem dor.













http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/as_origens_historicas_do_dia_dos_namorados.html
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/policia-diz-que-ataque-em-boate-nos-eua-deixou-50-mortos.html




terça-feira, 7 de junho de 2016

VOCÊ ACREDITA EM MILAGRE?

Nessa semana peguei um táxi e o motorista perguntou o porque de eu usar uma bangala. Comentei por alto que eu tinha artrite e que estava com um sério comprometimento nas articulações do pé e, se eu não fizesse uma cirurgia para a colocação de uma prótese, eu não poderia parar de usar o apoio, que tinha como objetivo tirar o peso dos tornozelos.

Surpreso em saber que eu tinha artrite tão nova (assim ele achava rsrs), em seguida me perguntou se eu acreditava em milagres.  Já sabendo o que vinha em seguida (muitos já me fizeram essa pergunta), disse que sim, disse que acreditava.  Então, ele disse-me que pertencia à Universal (IURD) e que lá muitos milagres eram feitos.  

Contei a ele que eu também era evangélica, que era Batista, e que portanto, sim, acreditava em milagre, MAS, que não buscava milagres "espetaculosos", daqueles que paralíticos saíam andando, cegos voltavam a ver e etc; que acreditava que não era mais necessário que Deus se manifestasse assim o tempo todo, como nos tempos de Jesus; que hoje um milagre podia acontecer de diversas formas e, uma delas, era na capacitação de um profissional que fosse capaz de produzir uma prótese, que fosse capaz de substituir um membro; estava na capacidade de através da inteligência humana, se produzir soluções capazes de curar doenças, sanar dores, etc.  Portanto, eu acreditava que Deus já havia realizado muitos milagres na minha vida me dando todos os meios e pessoas capacitadas para tratar da minha artrite.  Que eu podia sentir o cuidado de Deus em todos os momentos da minha vida. 

O motorista não gostou nada do meu discurso, e ainda bem que o percusso até em casa era pequeno, porque ele ficou muito chateado. Disse que eu, então, não acreditava em milagre, e portanto, precisava conhecer Deus melhor, e por aí foi até a hora eu desci do táxi.

Mas, então, o que é milagre? Segundo os dicionários "Entende-se por milagre a ação, o fato ou acontecimento que é impossível de explicar-se segundo as ciências naturais";"Fato que se atribui a uma causa sobrenatural". Mas, também pode ser um "fato que, pela raridade, causa grande admiração" (Michaelis)

Poderia ter Jesus realizado muito mais milagres do que realizou no período em que esteve aqui? Se sim, por que não o fez? 

Porque, segundo alguns estudiosos da Bíblia dizem, o milagre não era o mais importante na pregação de Jesus. Naquele momento ele precisava mostrar o seu poder sim, mas o mais importante era chamar o povo ao arrependimento do pecado e à obediência à Deus Pai, que se reconhecesse Deus como Pai, Amigo, Consolador e não apenas por seus milagres.

Pode Deus, nos dias de hoje, realizar milagres como realizou através de Jesus? Sim, eu como cristã creio que sim, mas hoje temos as Escrituras para nos dizer do poder de Deus e dos milagres de Jesus, e um milagre  naqueles moldes não se faz mais tão necessário.  É preciso fé (firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem. Hebreus 11.1) para seguir, para acreditar que é possível viver sem aguardar por um milagre espetacular o tempo todo. E eu tenho fé de que participo de pequenos milagres todos os dias.

terça-feira, 31 de maio de 2016

APAIXONAR-SE



Impossível não se APAIXONAR
Enquanto se está VIVO, se apaixona-se
Se apaixona-se porque ainda se é vivo.
Paixão não tem a ver com fidelidade, com compromissos
A paixão é LIVRE, livre de amarras, de cobranças, de controle.
Apaixona-se e ponto.
Se apaixonar é ser livre, 
livre para SONHAR, 
pra  "platonear", pra ser ou não ser, "n'importe quoi".
O espaço da paixão é o espaço da LIBERTAÇÃO, 
"Que dá dentro da gente e que não devia"
Do deixar-se levar, sem saber onde vai DAR.
É o CORAÇÃO desobediente, que não mede consequências.
É o viver INTENSAMENTE!

terça-feira, 10 de maio de 2016

O MEDO DE TER MEDO: Lidando com o transtorno de ansiedade

"Eu me lembro do meu primeiro ataque de pânico muito bem.  Eu estava passando por uma separação difícil e tinha acabado de chegar a Congonhas.  Eu estava andando sozinha e de repente as luzes ficaram mais claras e parecia que havia muito mais gente em minha volta. Eu me senti pequena e vulnerável, como se algumas dessas pessoas pudessem me fazer mal se quisessem. Meu joelho sobrou e eu entrei em colapso, tentando me segurar na parede do corredor.  Achei que fosse morrer.  Isso apareceu do nada e nunca passei por nada parecido na minha vida antes..." (Angélica)*

Ele estava sentado em sua cadeira de dentista cuidando de um paciente quando de repente uma palpitação intensa, falta de ar e dormência o dominaram. Com todas as suas forças, para não apavorar o cliente, despediu-se dele e ligou imediatamente para o seu colega cardiologista.  Este o aconselhou atravessar a rua e ir até o seu consultório.  O dentista não conseguiu, simplesmente suas pernas perderam o comando no meio da rua.  Socorrido pelo colega foi diagnosticado com crise de pânico (relato do meu cardiologista sobre seu colega)


Eu estava sentada lanchando, vendo televisão num dia normal como outros.  De repente parece que a sala se fechou sobre mim, meu coração acelerou de tal forma que parecia querer sair pela boca, formigamentos pelas mãos e braços me sinalizaram que alguma coisa muito estranha estava acontecendo. Coração,infarto? Um medo apavorante tomou conta de mim. Medo de morrer sozinha, medo de alguma coisa que não sabia exatamente do que. Deixei o lanche de lado, e respirando fundo e repetindo para mim mesma, como um mantra, que estava tudo bem, peguei o celular que estava ao eu lado (não me levantei do lugar), liguei pro meu marido e pedi que ficasse comigo no telefone e se acontecesse alguma coisa viesse correndo. Eu não conseguia explicar o que estava acontecendo.  Consegui me levantar e fui para fora do apartamento, interfonei para uma vizinha (que veio me ajudar) e liguei para uma amiga que morava perto. Embora, eu já estivesse um pouco mais calma, o coração não desacelerava.  Resolvi ir à uma Emergência, mesmo tarde da noite.  Graças a Deus fui muito bem atendida e o médico disse que eu estava tendo uma crise de pânico. Que todos aqueles sintomas tratavam-se de transtorno de ansiedade, no qual crises de desespero e medo intenso, de que algo ruim aconteça te dominam. Fui medicada com algumas gotas de rivotril e voltei pra casa com a sensação de que um trator tinha passado por cima de mim.

É assim que começa. Do nada, e você passa a ter medo de sentir medo. Pode acontecer com qualquer um. Nunca, nem nos meus piores pesadelos eu me imaginei nessa situação.  Logo eu? Uma pessoa tão otimista, tão firme na fé e no poder de Deus. Por que?

Até conseguir o atendimento com um especialista (escolhi um neurologista que eu já conhecia)foram os piores dias da minha vida. Medo, o medo me dominava. E quanto mais medo você sente mais difícil é controlar a crise.  Um sentimento de impotência horrível, sensação de que nunca mais você vai ficar em paz novamente. 

Não tive medo da rua (embora nos primeiros dias, me angustiava sair de casa. Mas, me assustava ouvir o vizinho abrir a porta, entrava em pânico, criava na minha cabeça toda sorte de acontecimento ruim que podia acontecer comigo.  Não consegui dormir sozinha, mas o fato de ter alguma companhia não diminua meu pânico. O medo vinha de qualquer maneira. Apenas ficava segura pois caso eu não conseguisse dominá-lo, eu teria alguém para me ajudar.  Um dia fiquei em casa sozinha, tentando fazer meus trabalhos manuais, mas não conseguia me concentrar.  Qualquer barulho me apavorava, me desesperava.  Eu parei tudo, gritei comigo mesmo que eu não era louca, que eu precisava dominar meus sentimentos, que nada de mal estava me acontecendo.  Consegui me controlar e passei bem o dia. Mas no final do dia, estava esgotada, parecia que havia lutado numa batalha, por causa da descarga de adrenalina.

Estou me medicando há quatro meses, segundo o médico é preciso cuidar desde o início.  E levar à sério o tratamento sem interromper.  Para deixar controlada a síndrome do pânico, são preciso pelo menos dois anos segundo os especialistas.

Controle. Saber que você não vai morrer de ataque cardíaco, porque o coração quer sair pela boca; 
Respirar fundo e soltar devagar, para ir desacelerando;
Evitar situações de estresse;
Encontrar e fazer coisas que te deixam em paz;
Sair e levar uma vida normal;
Aprender a conviver com isso, pois uma vez instalada, não tem cura. Mudança de hábitos, remédio e terapia são sugestões para um melhor controle das crises.

Resolvi compartilhar isso aqui, porque quando compartilhei com os meus amigos o que estava acontecendo comigo, muitos ficaram tão surpresos quanto eu, justamente pelo tipo de pessoa que sou, sempre tão alto astral. Mas, houve também muitos relatos de pessoas que estavam passando ou já haviam passado pelo mesmo problema, e como estava lidando com isso.

Conversar, compartilhar experiências sempre é uma boa opção para diminuir o drama do nosso cotidiano. Saber que não estamos sozinhos nos ajuda a vencer o problema.




- Imagem:O Grito -  Edvard Munch
*http://ansiedadepanico.com/2015/05/25/14-relatos-da-sindrome-do-panico-vivendo-com-a-ansiedade/

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Das Memórias



Ter memórias é faculdade de quem envelhece, de quem tem coisas pra lembrar. 
Um perfume, uma comida, momentos que fizeram parte de nossa infância, nossos amigos de escola. Família, as brincadeiras com os irmãos e primos. As guloseimas da avó, as brincadeiras do avô.  Aquela casa, onde passamos toda a infância e parte da juventude; os vizinhos com quem crescemos apertando campainhas e correndo. As bonecas, os namoricos, os bilhetinhos. Aquele cheiro de bolo, para o lanche da tarde, as matinês. Os sons, as músicas, as trocas, os sonhos, as lutas, as conquistas, as vitórias, as derrotas, a vida.  Esta, que vai deixando um rastro de recordações, nos fazendo lembrar que vivemos.  Muitos vivem nas nossas memórias, vivemos nas memórias de outros. E essas memórias viram poesia nas letras do poeta. Das memórias de um amigo, refaço meus passos rumo ao passado, me relembrando do que já vivi, do que já me fez feliz, do que me fazia inocente e otimista. Das memórias do amigo me lembro que fui jovem, cheia de sonhos e certezas.  Ainda temos sonhos, ainda temos lutas, algumas incertezas, mas ainda vivemos.


da série poeminha pros amigos
pra Goreth:

gostava das tardes à toa no quintal
do papagaio, dos gatos e passarinhos
gostava da velha mangueira que nos
assistia ali falando das nossas juventudes
eram tardes
era tão cedo pra sabermos de tudo que achávamos
que sabíamos
a casa bonita
tua mãe bonita
são miguel que nos guie à rua
pois a rua do santo é o que mais 
me alembro desta época
outras ruas que nos caibam
pois a amizade nunca é demais
pois o riso nunca é frouxo
diante deste tempo de tão
raros quintais como aquele 
que avistamos para hoje.

Gil Maulin
vitória 07 de abril 2016